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sexta-feira, agosto 21, 2009

A gata Miu Miu


Na sintonia da única primeira vez de sempreA gata Miu Miu tem alma de artista.
Sempre que me fecho no atelier a pintar, e ela percebe, ou seja sempre, não desiste de arranhar a porta, até que a deixe entrar, ou seja sempre.
Creio que ela adora o cheiro das tintas. E os pincéis. E as telas.
Primeiro cheira tudo, depois passeia pelo atelier, depois fica a observar-me a trabalhar. Não me parece que seja uma interpretação minha do comportamento animal. A Miu Miu não só tem alma de artista, como fica genuinamente a ver-me trabalhar e a apreciar.
Carecem muitos humanos desta capacidade de tão simplesmente apreciar o trabalho do Outro.
Ao meu amigo João Artur Pinto, pelo trabalho que tem feito ao longo de muitos anos, e não só de hoje, parabéns. Pela dedicação à Cultura e em particular ao Cineclube de Fafe, que volta a inaugurar mais um ciclo de vida, agora no histórico Teatro-Cinema de Fafe.
E isto a propósito de cães ☺... ou de gatos ☺




"Estivemos lá!"


Máquina RoyalEsta manhã, fomos ao cinema. A primeira sessão para crianças na Sala Manoel de Oliveira, no recuperado Teatro-Cinema de Fafe. Quando se volta a ter o que se perdeu em tempos, inevitavelmente damos-lhe mais valor. Quando disse aos miúdos que íamos ao cinema ver o «Hotel para cães» , eles dirigiram-se para a porta da garagem como sempre fazem.
- Não. Vamos a pé.
- Vamos a pé a Guimarães?
- Não. Vamos ao Cinema em Fafe.
Esta frase tão simples, demorou muitos anos para poder ser dita. E lá fomos os quatro ao cinema, ao Domingo de manhã. Um Domingo cheio de luz, com a nossa terra a tocar-nos de forma intensa. Quando regressámos, eu, que sou um tipo fora de moda, lá comentei:
-Estivemos na estreia desta sala. Daqui a uns anos havemos de recordar o momento com outro sabor.
Guardei o bilhete.
Depois, almoçámos com o João Pinto, quase eterno presidente do Cineclube e que continua a ser o grande responsável por haver bom cinema na nossa terra. Regressámos a casa com um espírito fora de moda, como se regressássemos ao século XIX.
Na verdade, não regressámos ao passado, mas colhemos dele a capacidade de nos espantarmos e de desejarmos o impossível. É que, às vezes, também se cumprem as utopias.